Sangue de vanguarda

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Com três discos gravados, a banda mato-grossense Vanguart tem laços estreitos com a obra de Bob Dylan. O primeiro disco, de 2007, já deixava clara a influência do folk rock em sua musicalidade. Nos dois trabalhos seguintes (“Boa Parte de Mim Vai Embora”, de 2011; “Muito Mais Que o Amor”, de 2013), a impressão é que o tom confessional e a coragem de expor ao público as próprias entranhas nas letras (uma das marcas do bardo norte-americano) se torna mais latente na obra do sexteto de Cuiabá. Hélio Flanders, vocalista e letrista, falou com a Radiola Urbana sobre a experiência de participar do evento 75 Rotações interpretando o álbum “Blood on the Tracks” — seu preferido na vasta discografia de Dylan. O show acontece no sábado 08 de agosto, no Sesc Santana.

O que você acha do disco que vai interpretar no projeto?
“Blood On The Tracks” sempre foi meu álbum favorito do Dylan. Mas, além da questão pessoal, acho que é certamente um dos melhores álbuns da carreira dele. Qualquer admirador de Zimmerman o colocaria num top 3, o que é muito em uma discografia tão vasta e de altíssima qualidade! Pra mim é o nº1, pois capta um Dylan no auge de sua maturidade em questões de música e letra, além do momento pessoal que vivia, o que faz “Blood on the Tracks” ser talvez seu momento mais lírico.

De que forma essa obra se relaciona com o seu trabalho?
O segundo álbum do Vanguart, “Boa Parte de Mim Vai Embora”, foi fortemente influenciado por “Blood on the Tracks”. A questão narrativa acho que levo comigo sempre, desde que tive contato com ele. Retratar algo que você vive intensamente em uma obra é algo que, depois de Dylan e “Blood on the Tracks” especialmente, se tornou inevitável

Qual é a influência que o artista tem na sua carreira?
Eu entrei na música pelas letras, pela poesia que vinha dela, e quando encontrei Dylan foi como pensar “eu não estava errado”. Depois dele vieram Leonard Cohen e Morrissey, outros dos meus favoritos com a caneta na mão.

Foto por Ariel Martini / I Hate Flash

Que desafios essa interpretação propõe?
Além de decorar as letras quilométricas? Acho que “Blood on the Tracks” tem o desafio de ser confessional. Mas, em muitos momentos, justamente por ser tão pessoal, o eu-lírico conta a história de maneira distanciada, como em “Tangled Up In Blue” e “Lily, Rosemary & The Jack Of Hearts”. Distanciamento este que Dylan conseguia alcançar como poucos, especialmente no palco.

O que podemos esperar do show?
Mesclaremos as canções “oficiais” e as dos bootlegs do disco, conhecidas como “New York Sessions”, que ele descartou por crer que eram de cunho muito pessoal — casos de “Tangled Up In Blue”, “If You’re A Big Girl Now”, “Idiot Wind” e “If You See Her, Say Hello”. No Bis, talvez a gente revisite outros momentos de sua carreira.

(Por Filipe Luna e Ramiro Zwetsch)

75 Rotações
de 06 a 09 de agosto
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 12 (comerciário)
Venda online: 28 de julho, a partir das 18h
Venda nas bilheterias: 29 de julho, a partir das 17h30
Facebook: https://www.facebook.com/events/742604275866095/

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