1 ano sem Peter King
O ataque dos metais não amolece em nenhum momento. A bateria também é espancada sem massagem. A faixa é semi-instrumental: praticamente não tem letra, a não ser pelo grito de guerra que clama por “freedom” (liberdade) em alto e bom som! “Freedom Dance” é a quarta faixa do álbum “Shango”, que o saxofonista nigeriano Peter King grava em 1974, mas não encontra oportunidade para...
Read MorePolirritmia do Benim
Até meados dos anos 2000, a espantosa produção da Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou era conhecida exclusivamente pela população de Benim. Com mais de 500 músicas gravadas entre 1970 e 1983, a banda se tornou um fenômeno popular em seu país de origem no período e atravessou todos esses anos em atividade incessante nos estúdios e palcos. A repercussão de sua música, no entanto, não...
Read MoreHerança e memória
Allan Abbadia lança o segundo disco solo da carreira, “Ifè”. O trabalho instrumental reverencia os maestros Abigail Moura, Letieres Leites, Moacir Santos e Pixinguinha e traz sete composições que evocam a ancestralidade africana. O trombonista e arranjador conversou com a Radiola Urbana: “o disco é feito de ritmos criados ou fragmentos de ritmos existentes. O segredo está...
Read MoreViolão mestiço
Reedição de álbum lançado em 1976 pelo músico Luiz Henrique lança luz à obra desse artista que foi um importante personagem da bossa nova e caiu no esquecimento. “Mestiço” mergulha em outra estética, influenciado pela psicodelia e pela soul music estadunidense, e encorpa ainda mais a já inspiradíssima discografia brasileira dos anos 70 Capa de “Mestiço”, de...
Read MoreAto revolucionário
Sampa The Great, rapper da Zâmbia de 29 anos desembarca no Brasil em pleno movimento de afirmação da existência de um corpo africano e feminino que chacoalha as estruturas ao seu redor. Ela tem um disco gravado, “The Return” (de 2019), e prepara-se para lançar o segundo (“As Above, So Below”). Conversamos com ela por email. Leia! Artista viveu de 2013 a 2020 na...
Read MoreMulheres no poder
O bloco afro Ilú Obá de Min, patrimônio do carnaval de São Paulo, registra em disco a potência que leva para as ruas desde 2005 com uma bateria formada exclusivamente por mulheres. Repertório destaca ritmos ancestrais como ijexá, maracatu, bumba meu boi e ciranda e as letras se comprometem com lemas feministas e antirracistas. Beth Beli, presidenta do Ilú Obá de Min, durante cortejo...
Read MoreAttica Blues, 50
“Attica Blues” (Archie Shepp, 1972) A fotografia de Chuck Stewart registra Archie Shepp sentado ao piano, cigarro na boca, o saxofone deitado sobre a tampa do outro instrumento ao lado de duas garrafas de cerveja vazias. Em um quadro sobre seu ombro direito, está a clássica imagem dos atletas estadunidenses e negros Tommie Smith e John Carlos com os punhos erguidos e cerrados no...
Read MoreCidadã Instigada
“Delta Estácio Blues” desafia a objetividade – de quem se arrisca a escrever sobre o disco, diga-se. A crítica musical que lute. Juçara Marçal não facilita e não é de hoje. Da Barca ao Vésper, do Vésper ao “Padê”, do “Padê” ao Metá Metá, do Metá ao Metal, do Metal ao “Encarnado”, ela se transfigura e só não fica irreconhecível porque, embora a troca de...
Read MoreSom na tela
A Radiola Urbana festeja sempre que começa mais uma edição do festival de documentários musicais In-Edit Brasil! A 11ª começa justamente hoje (quarta, 12/06) com mais de 57 filmes e já estamos naquela ansiedade pra organizar a agenda pra assistir o máximo de sessões possível. Uma dica é “Soundsytem – A Voz da Quebrada”, que retrata o movimento de sistemas de som e festas de...
Read MoreEternamente quilombo
Rap é resistência. Em tempos em que o governo se concentra em promover cortes na educação e facilitar o acesso às armas, é sempre bom saudar os clássicos do hip hop brasileiro que abriram muitas mentes para reflexão em torno da ancestralidade africana e as raízes do racismo estrutural que contaminam a sociedade. “Antigamente Quilombos, Hoje Periferia”, disco lançado em 2002 pelo...
Read MoreAfrobeat no sangue
Um velho dilema da Virada Cultural em São Paulo é organizar a agenda para aproveitar o maior número possível de atrações de sua recheada programação. Para a Radiola Urbana, neste ano, tudo gira em torno do show do nigeriano Seun Kuti (domingo 19/05, às 3h da madrugada, no Palco Anhangabaú). Nossa sugestão é se garantir nessa e depois planejar o resto. O músico esteve no Brasil em...
Read MoreMilhas à frente
Quando Miles Davis lança o disco “Miles Ahead”, em 1957, seu nível de confiança na própria música já era grande o suficiente a ponto dele topar intitular o trabalho com uma expressão de duplo sentido, em que um dos significados é “milhas à frente”. Ele estava certo. Naquele momento, o trompetista e compositor ainda não havia transformado o jazz tão...
Read MoreSorriso negro
O sorriso de Geovana é um abraço. Os lábios se esticam, desvendam os dentes brancos que contrastam com a pele preta, os olhos brilham apertados e iluminam toda a sala de seu pequeno apartamento alugado no centro de São Paulo. E ela adora sorrir e gargalhar com os próprios comentários. O humor é de quem tem malandragem no sangue. Usa gírias e expressões da mesma sagacidade de quem, em...
Read MoreFela na tela
Fela Kuti (1938 – 1997): músico nigeriano, inventor do afrobeat, ativista pan-africanista, opositor do governo militar da Nigéria nos anos 70, 80 e 90. Carlos Moore (1942): etnólogo cubano, ex-assessor de Malcolm X, amigo de Maya Angelou, militante do movimento negro, biógrafo de Fela. Sandra Izsadore: ativista e artista norte-americana, pantera negra, influência crucial na...
Read MoreMarvin Gaye é o homem
Não há o que discutir: Marvin Gaye é um dos artistas mais importantes da história da música e “What’s Going On” (1971) está entre os álbuns mais inspirados de todos os tempos. Trata-se, portanto, de um acontecimento épico o lançamento do inédito “You’re the Man”, gravado em 1972, na esteira da repercussão de sua obra-prima. Ainda que seja compreensível que seu autor não...
Read MoreAleluia, Mateus
A profundidade que há no timbre grave de Mateus Aleluia está também no seu olhar. Enquanto caminha, ele quase sempre murmura alguma melodia – se recém-criada ou trazida de alguma memória do inconsciente, não se sabe. No palco, sua mágica não falha: o mantra ancestral embala os espectadores e os conecta com emoções internas e misteriosas. Nesta sexta, 29, ele apresenta o show...
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